sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Ansiedade e Fibromialgia

Embora o termo “ansiedade” é usado de maneira de maneira corriqueira para várias situações estressantes do dia-a-dia, a ansiedade excessiva e persistente pode ser parte de distúrbios maiores, como o distúrbio da ansiedade generalizada (DAG), síndrome do pânico, fobias, comportamento obsessivo compulsivo e síndrome do stress pós-traumático. 


A ansiedade na verdade é uma sensação de intranqüilidade, apreensão e medo, marcada por sinais corporais como suores, tensão muscular e taquicardia. Esta sensação é muito comum em pacientes com fibromialgia (FM), e muita atenção tem sido dada às conexões que possam existir entre esses dois problemas. 

Ao invés de ficar-se pensando o que veio primeiro, a ansiedade ou a FM, muitos pesquisadores estão verificando que possivelmente as duas possam ter uma causa em comum, como uma vulnerabilidade que deixe a pessoa mais propensa a ter as duas condições. Uma das melhores maneiras de se estudar este fato é estudar as famílias com os dois problemas – isto ainda não foi feito com a ansiedade, mas sim com a depressão e fibromialgia, mostrando que ambas apresentam uma tendência familiar bastante importante. 

O controle da ansiedade é importante, já que níveis elevados desta aumentam o nível de dor. Isto é clássico na dor aguda - por exemplo, se você fica ansioso na cadeira do dentista, sentirá mais dor no procedimento. Isto está sendo também examinado na dor crônica. Além disso, a ansiedade interfere com outros sintomas da FM, como a fadiga e os problemas de memória. 

Quando que a ansiedade é normal e quando ela é um problema de saúde? A resposta é fácil – quando começa a afetar sua qualidade de vida. Quando você começa a faltar ou adiar compromissos por nervosismo, quando ataques de ansiedade vêm rápido e sem aviso ou quando o sono ou apetite começam a ficar afetados. 

Como tratar a ansiedade no paciente com fibromialgia? Os mesmos tratamentos que são usados em pacientes sem FM podem ser usados: medicações e terapia. Com relação à psicoterapia, a mais efetiva parece a ser a “cognitivo-comportamental”. Cada vez mais os antidepressivos estão sendo usados na ansiedade, ao invés dos clássicos ansiolíticos. Parece ser que estas medicações funcionam de uma maneira mais eficiente, com a vantagem de não causarem dependência física. Vários estudos mostram que a psicoterapia mais as medicações funcionam melhor do que cada uma em separado. 

Outros tratamentos incluem manter um “diário da ansiedade”, para tentar identificar o que desencadeia a ansiedade e o que pode ser feito para minimizar seus efeitos. O exercício, tão fundamental na FM, também ajuda na ansiedade. Enfim, a ansiedade tem recebido mais atenção dos pesquisadores em dor, e a descoberta de uma causa comum entre a ansiedade e a FM pode ajudar a melhor compreender e tratar as duas condições.

Como lidar com as Crises da Fibromialgia

Pacientes com fibromialgia (FM) ocasionalmente experimentam “crises” da doença, isto é, momentos quando os sintomas da fibromialgia pioram. Os sintomas que pioram geralmente são a dor, as alterações do sono e a fadiga. Saber lidar com estas situações é uma habilidade importante de ser adquirida. Um primeiro passo é tentar identificar o que desencadeia as crises. Na maioria das vezes, o paciente consegue definir algum fato ou situação que levou a uma piora do quadro. Um dos fatores mais comuns é o exagero na atividade do dia-a-dia, principalmente afazeres domésticos. Fatores emocionais também são uma causa importante das crises. Alterações climáticas podem aumentar a percepção dolorosa. Em algumas mulheres, as crises são sempre em período pré-menstrual, demonstrando que causas hormonais também podem estar atuando. 


Reconhecendo estes desencadeadores, o paciente com fibromialgia pode ganhar algum controle sobre as crises, evitando ou tomando medidas preventivas sobre estes fatores. 

Embora a atividade física seja fundamental para pacientes com FM, o excesso de atividade corporal pode levar a uma piora de sintomas. O paciente com FM está descondicionado fisicamente, e o exagero numa atividade doméstica ou no exercício pode desencadear uma crise que dure dias .É importante dividir tarefas que exijam esforço físico, não tentando “compensar” pelos dias perdidos .Também é importante não tentar esgotar as tarefas de uma só vez. Por exemplo, a tendência de uma dona-de-casa é sempre passar toda a roupa, para depois dobrá-la e guardá-la. Seria menos cansativo passar um pouco da roupa, depois guardar um pouco e voltar a passar. Isto faz variar os grupos musculares que estão sendo usados, e permite um melhor equilíbrio da fadiga muscular. Sempre se deve fazer alongamentos antes de qualquer atividade física, tanto no trabalho como no lazer. Se há a chance de haver mais dor por realizar certa atividade, usar medicações analgésicas antes desta atividade pode ser extremamente útil. 

O estresse emocional não causa a FM, mas com certeza pode piorar os sintomas. Deve-se sempre manter atento se um quadro de depressão ou ansiedade estão surgindo. As condições do tempo também podem piorar os sintomas. Como isto não pode ser mudado, é interessante um aumento nas medicações para o paciente que sente que está mais sensível. Estas questões devem sempre ser discutidas com o médico. 

Da mesma maneira, se a paciente sente piora durante o período pré-menstrual, ajustes podem ser feitos neste período em relação à medicação para dor, para o sono e para relaxamento muscular. Existem hoje medicações específicas para o período pré-menstrual, que devem ser usadas por todo o mês. Estas opções devem ser discutidas na consulta médica. 

Outras dicas durante as crises: descansar bastante, usar formas de calor para aliviar a dor – banhos quentes (principalmente de banheira, se possível), compressas quentes e bolsas de água quente. Uma soneca de 30 minutos após um banho quente pode ser uma boa estratégia para aliviar a dor. Massagens, alongamentos também são boas opções, mas alguns pacientes podem não tolerá-los durante a crise. A acupuntura é uma boa opção para um alívio da dor nas crises. Procure fazer atividades que lhe dêem prazer, para ajudar no relaxamento. Respire fundo e devagar – a crise leva a um aumento no número de respirações (hiperventilação), o que pode levar a sintomas como tontura e amortecimentos, aumentando o estresse. 

Procure pensar coisas positivas, repetindo-as com freqüência – “esta crise não durará para sempre” , “eu posso lidar com isso”, “eu farei isto ou aquilo para me sentir melhor”. Estes pensamentos lhe darão força para passar por este período difícil. Algumas pessoas gostam de escrever, e escrever sobre a FM, a crise e o que você está fazendo para ameniza-la já se provou muito eficiente para o sentimento de auto-estima do paciente.

Terapias Corpo/Mente e Fibromialgia

Alguns dos métodos utilizados em pacientes com fibromialgia (FM) são as chamadas terapias mente-corpo, que se utilizam de dois princípios básicos: a mente e o corpo compõem uma unidade indissociável, e a influência que o corpo exerce na mente - como por exemplo a dor levando a um humor deprimido – é na verdade uma rua de duas vias. A mente também influencia o corpo de maneira importante, tanto negativa quanto positivamente. E as terapias mente-corpo tentam explorar as capacidades da mente de aliviar alguns dos sintomas relacionados com a fibromialgia, e apresentaremos alguns destes métodos aqui: 


1) Meditação: Estudos mostram que a meditação é útil no tratamento da FM. A meditação basicamente consiste em um exercício para acalmar e focar a mente. Existem vários métodos para meditar, como repetir uma palavra ou frase continuamente ou focar na respiração no presente, sem se preocupar com o passado ou o futuro. Para meditar, treine. Tire de 10 a 20 minutos de seu dia, sente-se em uma posição confortável, feche os olhos e respire naturalmente. Com o tempo, a mente ficará cada vez mais focada. 

2) Yoga: A Yoga é uma forma de meditação, combinada com a prática de exercícios de força e flexibilidade. Existem vários tipos de Yoga. Na mais praticada, a pessoa assume posições ou poses, chamadas de asanas, que alongam uma parte do corpo, enquanto se observa a respiração e se pratica a meditação. Para pacientes com FM, é importante começar de maneira lenta, gradual, com um instrutor que entenda que não pode haver dor na realização da posição. Deve-se ressaltar também que a Yoga não é um substituto para a atividade física aeróbica, vital no tratamento da FM. 

3) Tai chi: Consiste em um exercício oriental que se parece uma dança em câmera lenta. Ele é especialmente bom para pacientes com problemas de equilíbrio. O Tai Chi consiste numa série de movimentos, chamados formas, que se fundem um no outro. Os movimentos suaves e lentos são úteis por não gerarem dor em pacientes com FM, e quando associados à meditação (quigong) oferecem uma forma efetiva de relaxamento. 

4) Biofeedback: Nesta técnica, o paciente é treinado a responder a sinais do próprio corpo. O profissional treinado afixa sensores no corpo do paciente, e estes estão ligados a um computador ou aparelho, que informa com um som ou uma luz como está o corpo, e o paciente tenta alterar este estado. Por exemplo, se os músculos dos ombros estão tensos, sensores são colocados neste local e uma máquina apitará cada vez que o músculo estiver muito tenso. Então, através de relaxamento e outras técnicas, o paciente terá condições de fazer a musculatura relaxar, e a máquina soará diferente. Desta maneira, através de tentativa e erro, o paciente aprenderá como relaxar os ombros, e mais tarde poderá fazer isso sem o auxílio do aparelho.

Viajar com Fibromialgia

Uma viagem de lazer deveria sempre significar prazer e relaxamento. Porém, para um paciente com fibromialgia, uma viagem sem programação pode se tornar um martírio. Longas horas de carro ou ônibus, esperar em aeroportos e rodoviárias, a obrigação em excursões de passeios com hora programada, podem levar a um stress físico e emocional, causando maior dor. 


Algumas dicas podem ajudar a tornar uma viagem a mais prazerosa possível: 

1) Não negligencie seu programa de exercícios. Se você faz exercícios aquáticos regulares, procure ficar em hotéis com piscina. Cheque com o hotel que você vai ficar sobre as facilidades para o exercício. Leve com você todos os equipamentos que você usa, como pesos, tênis, etc... 

2) Planeje um tempo para descansar a cada dia. Leve livros e revistas para estas horas. 

3) Quando viajar longas distâncias, com fusos horários diferentes, dê-se um tempo para descanso e sono. 

4) Leve os seus medicamentos! 

5) Leve seu travesseiro favorito, para não estranhar muito o lugar em que você irá dormir. 

6) Longas viagens de carro requerem um bom apoio para a coluna, e paradas freqüentes para alongamentos. 

7) Um colar cervical mole pode ser usado se você tiver que dormir no carro, ônibus ou avião. Isto evita a dor no pescoço ao dormir numa posição sentada. 

8) Viaje com pessoas que entendam o seu problema e sejam flexíveis quanto a horários. Não se envergonhe de descansar e encontra-se com eles mais tarde. 

9) Cuidado para não andar em demasia. Conheça seus limites, use sapatos confortáveis. Se você acha que irá ter dor, tome sua medicação analgésica antes da caminhada. 

E boa viagem!

Enxaqueca e Fibromialgia

Uma das síndromes mais comumente associadas com a Fibromialgia (FM), a Enxaqueca ou Migrânea traz ainda uma pior qualidade de vida para estes pacientes, e é muitas vezes sub-diagnosticada e sub-tratada. 


A enxaqueca é um tipo de cefaléia, termo médico para dor de cabeça. Pode trazer estranheza para alguns o fato de existirem mais de 100 tipos de cefaléia, e cada uma delas possui uma causa e tratamento específicos. Felizmente, a maioria desses casos pode ser diagnosticada através da entrevista clínica e do exame físico. 

A Migrânea é mais comum em mulheres, tendo bastante relação com os hormônios femininos, pois habitualmente começa com as primeiras menstruações da adolescente e piora durante os períodos pré-menstruais. 

O que caracteriza então uma Enxaqueca? Na verdade, ela é muito mais do que uma simples dor de cabeça – este sintoma consiste no resultado final de diversas alterações que ocorrem no cérebro. Antes da crise de enxaqueca, o paciente pode sentir o que se chama de pródromos – sintomas que “avisam” que a crise vem vindo. Estes sintomas são causados por uma de falha difusa, porém leve, do funcionamento do sistema nervoso central. As “auras”, são um tipo de pródromo que consistem em sintomas visuais de bolinhas pretas, ou brilhantes, ou linhas que lembram um relâmpago no campo de visão. Além disso, o paciente pode ter uma sensibilidade aumentada para barulhos, cheiros e luz. Mais dramaticamente, pode haver fraqueza de uma parte do corpo, perda de coordenação motora e alterações na fala. 

Quando chega a dor propriamente dita, esta geralmente dura de 4 a 72 horas, é de forte intensidade, latejante, que interfere nas atividades diárias e geralmente de um lado só da cabeça. Uma das características mais importantes é a presença de náuseas ou vômitos. Isto é responsável pela crença popular que problemas de estômago ou “do fígado” causem dor de cabeça. Na verdade, o enjôo é parte da Enxaqueca. 

As crises podem ser desencadeadas por vários fatores, como cansaço e falta de sono, comuns nos pacientes com FM. Outros desencadeantes incluem o período peri-menstrual, mudanças de temperatura, estresse físico ou emocional, fome, alimentos como queijos envelhecidos e chocolates, bebidas como o vinho tinto, luzes, barulhos e cheiros fortes. 

O diagnóstico da Enxaqueca, como já citado, é clínico. Raramente é necessário um exame de imagem do cérebro como uma ressonância ou tomografia, usadas mais para afastar outros problemas e não para confirmar o diagnóstico. 

O tratamento da enxaqueca baseia-se em três princípios básicos – evitar os fatores desencadeantes, usar uma medicação preventiva e o tratamento das crises. Muitas vezes só se faz o tratamento das crises, o que não seria errado se estas forem espaçadas durante o ano. Mas deixar de tratar preventivamente uma enxaqueca freqüente pode levar a abuso de analgésicos e cronificação da dor de cabeça. 

As medicações preventivas incluem diversas classes de remédios, como antidepressivos, anticonvulsivantes e medicações usadas para o tratamento da pressão alta. O médico julgará qual é a medicação preventiva mais adequada para cada paciente.

Dor no Pescoço e Ombros

Muitos pacientes com fibromialgia (FM) queixam-se de dores nos “nervos” do pescoço, e em muitos a maioria das dores da FM parece originar-se desta área. 


Na verdade, os tais “nervos” são a parte principal de um músculo do pescoço e ombros, chamado trapézio. Este é um músculo bastante potente, que em pacientes com fibromialgia pode apresentar pontos de contração espontânea, chamados pontos-gatilho. Estes pontos são chamados assim por “engatilharem” uma dor sempre para a mesma localização, dependendo de onde está a contração muscular. 

O trapézio é o músculo mais “mal-usado” do corpo, particularmente em indivíduos sedentários e com má-postura. A cabeça, quando está pendente, age como um peso de 15kg pressionando o trapézio para baixo. Quando a cabeça está alinhada com o pescoço, este peso é de somente 3 kg. Muitas pessoas mantêm uma postura com a cabeça para a frente por períodos grandes de tempo, no trabalho e nas tarefas de casa, submetendo o trapézio a um estresse crônico. Pessoas com fibromialgia são especialmente vulneráveis ao estresse mecânico crônico. 

Estes passos são úteis para lidar com a dor no pescoço e ombros: 

1) Evite inclinar-se para realizar um trabalho. Levante a superfície de trabalho ou abaixe a cadeira, para permitir que a cabeça e a coluna fiquem alinhadas (isto é, sem a cabeça estar curvada para a frente). 

2) Evite deitar no chão para assistir TV ou ler na cama com o travesseiro embaixo da cabeça. Isto tensiona o trapézio e irrita o nervo occipital, o que pode causar dor de cabeça. 

3) Use travesseiros com curvaturas especiais pra dormir – que permitam que a cabeça fique paralela ao colchão. 

4) Pratique uma boa postura. Peça ao seu fisioterapeuta pra ensinar exercícios que fortaleçam os músculos do ombro e do pescoço. 

5) Quando estiver dirigindo, pressione a cabeça contra o encosto de cabeça periodicamente, para ajudar o corpo a identificar a posição correta da cabeça. 

6) Alongue os músculos do pescoço várias vezes ao dia – onde quer que esteja. 

7) Arranje uma cadeira com encosto alto – isto dará melhor apoio para o pescoço e os ombros. 

8) Se o seu trabalho envolve muito tempo ao telefone, considere o uso de fones de ouvido, que deixam o pescoço livre. 

9) Fale com seu médico sobre injeções com anestésico nos pontos-gatilho.

10) Natação é um exercício útil para o alongamento do pescoço. 

11) Use relaxantes musculares à noite para “soltar” os músculos durante o sono. Use analgésicos regularmente, não só quando a dor está insuportável. 

12) Massagens são úteis, embora o efeito seja temporário 

13) Use calor, como o chuveiro quente, para soltar os músculos 

14) Aprenda exercícios de relaxamento – pergunte ao fisioterapeuta. 

15) Conserve-se quente quando está frio – o ar frio faz contração muscular,causando maior dor.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Novo aparelho capaz de Detectar a Dor

Criado equipamento 

capaz de detectar a dor


Uma pessoa normalmente é capaz de apontar com bom nível de segurança onde ela está sentindo dor. Mas daí a dizer qual músculo específico está doendo vai uma grande diferença.

Dores
crónicas

O problema é ainda maior para pessoas portadoras de dores
crónicas, que sofrem de doenças como artrite ou fibromialgia ou das genéricas dores lombares.

O novo aparelho, chamado
SPOC, deverá ajudar os médicos a delimitar melhor os tratamentos, evitando aqueles que podem ser clássicos, mas que não funcionam para pacientes específicos, incluindo as cirurgias.

Aparelho de detectar dor

O aparelho é capaz de localizar com precisão o músculo que está
activando os terminais nervosos e gerando a sensação de dor no cérebro.Segundo seus criadores, o aparelho significará uma revolução no tratamento das dores, principalmente das dores lombares e no pescoço. 

Em
contacto por email, eles se recusaram a dar detalhes mais precisos de seu funcionamento alegando segredos comerciais e informaram que o aparelho entrou na última etapa de validação pela FDA, um passo antes da autorização final para sua chegada ao mercado.

Dores nos músculos

Ao tratar de pacientes com dores lombares, em vez de darem mais atenção aos músculos, a maioria dos médicos foca-se na coluna, nos discos ou nos nervos. Isso acontece principalmente porque não existe ainda um equipamento capaz de apontar com segurança qual músculo específico está na origem do problema - como um raio-X indica qual osso está quebrado, por exemplo.

Esta é a solução que o
SPOC espera trazer. Segundo seus criadores, 85% de todos os diagnósticos de dores lombares, ao invés de apontar a causa da dor, classificam-nas como "dores não específicas", o que significa que não se sabe exactamente qual é a sua origem. Esta é, segundo os médicos, a principal razão dos resultados "decepcionantes" dos tratamentos prescritos.

Fonte: Inovação Tecnológica (04/2008)

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

A Morfina

Parceira de muitas de nós, mas de certa forma inimigas também... 

A Morfina é um fármaco narcótico do grupo dos opióides, que é usado no tratamento sintomático da dor. Ela está presente no ópio.

Usos Clínicos
Dor crônica: é a primeira escolha no tratamento da dor crónica pós-operativa, no cancro e outras situações. Tem vindo a ser substituida como primeira escolha pelo fentanil. 
Dor aguda forte: em trauma, dor de cabeça (cefaleia), ou no parto. Não se devem usar nas cólicas biliares (lítiase biliar ou pedra na vesícula) porque provocam espasmos que podem aumentar ainda mais a dor. Não é primeira escolha na dor inflamatória (são usados AINEs). 
Na anestesia geral como adjuvante a gás anestésico principal. 

Mecanismo de Ação
Os opióides são agonistas dos receptores opióides. Estes existem em neurónios de algumas zonas do cérebro, medula espinal e nos sistemas neuronais do intestino.

Os receptores opióides são importantes na regulação normal da sensação da dor. A sua modulação é feita pelos opióides endogenos (fisiológicos), como as endorfinas e as encefalinas, que são neurotransmissores.

Existem três tipos de receptores opióides: mu, delta e kappa. Os receptores mu são os mais significativos na acção analgésica, mas os delta e kappa partilham de algumas funções. Cada tipo de receptores é ligeiramente diferente do outro, e apesar de alguns opióides activarem todos de forma indiscriminada, alguns já foram desenvolvidos que activam apenas um subtipo.

Os opióides endógenos são péptidos (pequenas proteínas). Os fármacos opióides usados em terapia apesar de não serem proteínas têm conformações semelhantes em solução às dos opióides endógenos, activando os receptores em substituição destes.

ADMINISTRAÇÃO
Via oral, subcutânea, intramuscular ou intravenosa. Epidural, transdérmica, intranasal são menos usadas. É frequente ser dado ao paciente o controlo de uma bomba, activada por um botão, que injecta opióide de acordo com o seu desejo. Existe geralmente um mecanismo que previne a injecção de doses elevadas (que podem provocar danos graves), mas na grande maioria dos casos o controlo pelo doente reduz a ansiedade e as doses acabam até por ser mais baixas. Nos doentes com dores não existe efeito eufórico, mas há efeito sedativo, portanto o paciente limita-se a carregar no botão quando sente dores, mas de forma a evitar o efeito de sonolência.

Metabolizada no figado. Efeito de 4 a 6 horas após administração. Ultrapassa a barreira hemato-encefálica e a placenta. Não deve ser usada na gravidez.

EFEITOS CLÍNICAMENTE ÚTEIS
Analgesia central com supressão de ambas dor física e emocional. 
Sedação na anestesia. 

EFEITOS ADVERSOS
COMUNS:
- Euforia pode conduzir à dependência. Não é significativa nos doentes com dores de grande intensidade. 
- Sedação 
- Miose: constrição da pupila do olho 
- Depressão respiratória: em overdose constitui a principal causa de morte. Há alguma diminuição da respiração mesmo em doses terapêuticas. 
- Supressão da tosse: pode ser perigosa se houver infecções pulmonares. 
- Rigidez muscular. 
- Vasodilatação com calores na pele. 
- Prurido cutâneo. 
- Ansiedade, alucinações, pesadelos. 
- Vómitos por activação da zona postrema medular centro emético neuronal. 

INCOMUNS:
- Libertação de hormona prolactina com possivel ginecomastia (crescimento das mamas) nos homens e galactorreia (secreção de leite) nas mulheres. 
- Prolongamento do parto. 
- Redução da função renal. 
Principalmente a muitos estudos sobre alguém que está com câncer está também usando morfina.

EFEITOS TÓXICOS
Os narcóticos sendo usados através de injeções dentro das veias, ou em doses maiores por via oral, podem causar grande depressão respiratória e cardíaca. A pessoa perde a consciência, fica de cor meio azulada porque a respiração muito fraca quase não mais oxigena o sangue e a pressão arterial cai a ponto de o sangue não mais circular direito: é o estado de coma que se não for atendido pode levar à morte. Literalmente centenas ou mesmo milhares de pessoas morrem todo ano na Europa e Estados Unidos intoxicadas por heroína ou morfina. Além disso, como muitas vezes este uso é feito por injeção, com freqüência os dependentes acabam também por pegar infecções como hepatite e mesmo SIDA. Em alguns países, uma destas drogas tem sido utilizada com alguma freqüência por injeção venosa: é propoxifeno (principalmente o Algafan®). Acontece que esta substância é muito irritante para as veias, que se inflamam e chegam a ficar obstruídas. Existem vários casos de pessoas com sérios problemas de circulação nos braços por causa disto. Há mesmo descrição de amputação deste membro devido ao uso crônico de Algafan® .

Outro problema com estas drogas é a facilidade com que elas levam à dependência, ficando as mesmas como o centro da vida das vítimas. E quando estes dependentes, por qualquer motivo, param de tomar a droga, ocorre um violento e doloroso processo de abstinência, com náuseas e vômitos, diarréia, câimbras musculares, cólicas intestinais, lacrimejamento, corrimento nasal, etc, que pode durar até 8-12 dias.

Além do mais o organismo humano se torna tolerante a todas estas drogas narcóticas. Ou seja, como o dependente destas não mais consegue se equilibrar sem sentir os seus efeitos ele precisa tomar cada vez doses maiores, se enredando cada vez mais em dificuldades, pois para adquiri-las é preciso cada vez mais dinheiro.

CONTRA-INDICAÇÕES
Hipertensão craniana como na meningite. 
Gravidez 
Insuficiência renal. 
Insuficiência hepática 
Juntamente com outros depressores do SNC, como álcool, benzodiazepinas e barbitúricos. Nem com antipsicóticos ou antidepressivos. 

ENQUANTO DROGA DE ABUSO
É mais frequente ser utilizada o seu derivado, a heroína. Apresenta duas caracteristicas que a torna droga de abuso particularmente perigosa: produz euforia e bem estar, mas a sua acção necessita de doses cada vez maiores para se mantêr ao mesmo nível - fenómeno de tolerância medicamentosa.

Produz dependência física (universal) e psicológica (subjectiva). A dependência física surge 6-10 horas depois da última dose e caracteriza-se por síndrome do "peru molhado", definido por tremores, erecção dos pêlos ("pele de galinha"), suores abundantes, lacrimejamento, rinorreia, respiração rápida, temperatura elevada, ansiedade, anorexia, dores musculares, hostilidade, vómitos e diarreia. Um sinal importante é a miose (constrição da pupila do olho). Estes sinais só desaparecem com a administração de um opióide, geralmente de forma instantânea, e são máximos após 2-3 dias, depois do qual desaparecem gradualmente até ao 5º dia. O sofrimento do toxicodependente é considerável.

HISTÓRIA
Foi isolada pela primeira vez em 1804 pelo farmacêutico alemão Friedrich Wilhelm Adam Serturner, que lhe deu o nome em honra do deus grego do sono, Morfeu.

A partir da 1852 com a invenção da agulha hipodermica, generalizou-se o seu uso. Era usada no tratamento da dor, e do alcoolismo e consumo de ópio (as últimas duas utilizações sem benefício e altamente perigosas como se sabe hoje). Foi utilizada na guerra civil americana, resultando em 400.000 soldados com síndrome de dependência devido ao seu uso impróprio.

A Heroína (diacetilmorfina) foi derivada da morfina em 1874.