sábado, 29 de novembro de 2008

Corrida dentro de água reduz efeitos da Fibromialgia


Condicionamento físico proporcionado por exercício aeróbico em ambiente relaxante diminui a dor, além de combater problemas físicos e emocionais causados pela síndrome .

MELISSA DINIZ


A dor induz a maioria das pessoas com fibromialgia ao sedentarismo. O baixo condicionamento físico resultante dessa situação leva ao aumento de peso, mas também pode agravar o quadro doloroso dos pacientes. Para evitar que esse ciclo se perpetue, pesquisadores procuram soluções “prazerosas” para o problema. O resultado de uma dessas tentativas é o tema da tese de doutorado do reumatologista e fisiatra Marcos Renato de Assis, que estudou os efeitos da técnica deep water running (corrida dentro d’água) no tratamento de pacientes com a doença.
“Sabíamos que a caminhada era, até então, o exercício que tinha apresentado os melhores resultados na qualidade de vida de pacientes com a doença. Resolvemos adaptá-la ao meio aquático, que oferece menos impacto e que propicia um tratamento mais relaxante”, afirma Assis. Para que pudessem ter segurança e estabilidade dentro da água, as voluntárias que participaram da pesquisa utilizaram um cinto flutuador durante o exercício.

“Na água, existe menor chance de traumatismo. Se há menos lesão, haverá menos dor, o que torna o tratamento mais agradável”, avalia Assis. Segundo ele, outros fatores que podem ajudar são o amparo que o meio proporciona, a estimulação da superfície corporal pelo tato e pelo calor e o relaxamento, que ajuda a reduzir a ansiedade e a depressão.

Antes de se submeter ao tratamento na piscina, a diarista Isabel Cristina Holanda Pereira, 48, não conseguia varrer mais que um metro quadrado porque a dor a impedia de se movimentar por muito tempo. “Tinha dores fortes nos braços, nas costas e muita dor de cabeça. Não conseguia dormir porque o sono nunca vinha no horário certo e vivia de mau humor”, conta. Isabel afirma que teve melhora significativa e passou a dormir melhor depois da segunda semana de tratamento na água.

De acordo com o reumatologista e professor da UNIFESP Jamil Natour, que orientou o estudo, o condicionamento físico tem papel primordial no combate à síndrome, já que os remédios não costumam ter efeito a longo prazo. “Recomendamos exercícios de baixo impacto. Estudos anteriores demonstraram que o alongamento e principalmente a caminhada ajudavam bastante”, argumenta Natour. Ele avalia que muitos pacientes com limitações de idade ou outras doenças, como artrite reumatóide por exemplo, podem ser beneficiados com os exercícios na piscina.

Para Assis, o mérito da pesquisa é oferecer uma opção mais segura e agradável aos pacientes. “Muita gente com fibromialgia não faz exercício por medo da dor, mas se a pessoa faz um treinamento adequado, descobre que pode se exercitar livremente”, diz.

Tese de doutorado: Efeito do condicionamento físico em água parapacientes com fibromialgia
Autor: Marcos Renato de Assis
Orientador: Jamil NatourPrograma de pós-graduação em Reabilitação

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